23 de jul. de 2014

O VENDEDOR DE MACONHA


OBS. Os erros de português foram escritos propositalmente.

Sô naturá do sertão
De uma cidade pacata
Longe da poluição
Lugá cercado de mata
Onde só se conhecia
Roça, prantação e cria
E gente que muito sonha
E naquele meu lugar
Nunca se ouviu falar
Em prantador de maconha

Até que uns colega meu
Que mudaro pra cidade
Um pro nome Zé Romeu
E o fio de Soledade
Chegaro tudo estranho
Com os cabelo destamanho
E a cara de sem vergonha
Tudo alegre e os pinote
Mostrando dento dum pacote
Um punhadim de maconha

E eu nem sabia o que era
Nem tinha ouvido falar
Daquela grande misera
Fui convidado a provar
Eu fui na suas conversa
Mas ligeiro que depressa
Quisero me convencer
Mas depressa que ligero
Me oferecero dinheiro
Se eu quisesse vender

E me dixero: oia zé,
Isso aqui é bom demais
E se tu inda quiser
A gente consegue mais
Isso vende que só cocada
Em festa de batucada
Que tem minino chorão
Tu vai arrumar dinheiro
Vai ser o maior fazendeiro
Daqui dessa região

Ai eu fiquei izibido
Quando falou em inricar
Mas que era proibido
Ninguém chegou a falar
Eu num sabia dotô
Que aqueles impostô
Tava me dando peçonha
E eu metido a esperto
E achando que era certo
Pensei a vender maconha

Eles guardaro o pacote
E eu nem cheguei a provar
Saíro dano pinote
E eu fiquei a pensar
Vou vender esse negoço
Mermo assim sem ter um sócio
Vou fazer comerciá
E sendo eu o primeiro
Antes do mês de janeiro
Acho que vou inricar

O fio de soledade
Que era o mais mandingueiro
E cheio de muita mardade
Foi me precurar primeiro
E dixe com farsidade:
Devido a nossa amizade
E por tu ser boa gente
Tô pensando em negociar
E quero te convidar
Pra você sê meu gerente

Nós vamo vender baguio
Que é pro povo fumá
Isso vai te dá orgoio  
Pode em me mim confiar
Agora guarde segredo
Não é por que tô com medo
Nem querendo te enganar
Eu vou deixar estes lote
Guarde aí esse pacote
Que depois eu “vem” buscar

Faça logo comerciá
Ofereça a muita gente
Quando alguém te preguntar
Diga assim: Eu sô gerente
Pra não haver concorrênça
Vô dexar tu na gerença
Não diga que eu tô no meio
Afiná tô com outros negocio
Vou fazer de tu meu sócio
Pois de trabaio já tô cheio

Oia zé, faça uma premessa
Que tu vai guardar  segredo
Num diga que eu tô nessa
Oi, num é porque tô com medo
Afiná, eu sô é home
Eu quero que tu pegue nome
Na vizinhança ligero
Pois quero lhe ajudar
Quero ver você ganhar
Um bucado de dinheiro

Agora tenha cuidado
Tem muita gente invejosa
Esse povo malcriado
Que fica dizendo prosa
E é fácil conhecer
Alguém que quer concorrer
Vendendo isso também
Se aparecer concorrente
Eles vão ficar doente!
Não conte isso pra ninguém

Farta só uns decumento
Pra regularizar a venda
Digo a você e sustento
Acredito que me entenda
Logo logo vão chegar
Uns home pra acertar
Os papé que tá fartano
Afiná num tá errado
E se fizer com cuidado
Vai dar certinho nosso prano

Porém o que eu não sabia
Era que o desgraçado
Pro causo de estripulia
Tava sendo precurado
E mermo pro causa disso
Tava um grande ribuliço
Os sordado precurando
Pruque ficaro sabendo
Que alguém tava vendendo
Maconha e negociando

E muito não demorou
Depois que o infeliz saiu
Uns policiá chegou
Oiô pra mim e sirriu
Não tamo desconfiando
Tamo só analisando
Pra ver a situação
Pois já fiquemo sabendo
Que alguém está vendendo
Bagui nessa região

Eu dixe: Misericórda
E vocês já tão sabendo
Será que vocês concorda
Com o que eu tô vendendo?
Eu acho que vocês qué
Mas tá fartando os papé
Pois inda farta comprar
Mas aqui tem um pouquinho
Vou embruiá um tiquinho
Prumode vocês fumá

Oi, num precisa pagá
É presente pra você
Pois é preciso agradar
Os criente que aparecer
E oi! Eu já tô contente
Pois sendo o eu o gerente
Desse negocio que é novo
Preciso sê bem legá
Que é pro mode agradar
E fazer feliz o povo

É você que tá vendendo?
O sodado preguntô:
Que que você tá querendo?
Quem você pensa que sô?
Vem me oferecer maconha
Seu cabra vei sem vergonha
Pense bem, tenha cuidado
Pois se isso for verdade
Vou botar você na grade
Pra falar com o delegado

 Eu dixe: Que delegado?
O que assina os papé?
Me respondeu o soldado:
Sim, o capitão Manué
Pois eu quero conhecer
E a ele oferecer
A minha mercadoria
Pra o povo ficar sabendo
Que o que eu tô vendendo
É de muita garantia

Fique sabendo o sinhô
Eu dixe para o sordado
Sei que o sinhô já fumô
E não fique envergonhado
Pois minha mercadoria
Tem aqui grande valia
E todo mundo já sabe
Fique o sinhô informado
Que o tenho alí guardado
Dentro da mala não cabe

O senhor está falando
Que tem maconha guardada?
Está assim nos contando
Com sua cara safada?
- Sim sinhô eu respondi
Foi aí que recebi
Um murro tão desgraçado
Que confesso meu irmão
Que pensei que um caminhão
Tinha me atropelado

Caí com a cara no chão
Senti alguém me puxar
E me dá um sucavão
Ai ví  coisa ingrossar
Com grito de ameaça
Pegou no fundo das calça
E antes de eu perceber
Me jogou no camburão
Fechou a porta com a mão
E dixe: Aí dá pra você!

Eu gritei ô meu patrão
O sinhô tá inganado
Não me faça confusão
Nem me leve ao delegado
Pois eu pensei que o sinhô
Vinha fazer um favor
Pra tudo fica certinho
Pra regular os negoço
Trazer os papé de sócio
E sê tudo direitinho

Mas tô vendo meu patrão
Que me enganei outra vez
Bonzin vocês num são não
E já sei quem são vocês
Vocês são das concorrença
E toda essa violença
É pra tomar meu lugar
Mas vou lhe dizer de jeito
Vou precurar meus direito
Vamos ver quem vai ganhar

Há meu patrão foi terrive
Me levaro pro xadrez
Me dero uma pisa horríve
Apanhei por vinte e três
Passei uns seis mês trancado
De maconheiro acusado
Sem ter ninguém do meu lado
E os fio de soledade
Vortaro para a cidade
Nunca mais foro encontrado

A partir daquele dia
Nunca mais eu quis saber
Daquela grande agonia
Nunca mais vou esquecer
Hoje quando alguém critica
Ainda escuto a tabica
Zuando no pé do ouvido
Se cem anos eu viver
Nunca mais vou esquecer
Desse causo acontecido

Hoje pra aceitar ajuda
E para querer um favor
Não permito que me iluda
Seja qualquer um que for
Sou um rapaz informado
Não vou mais ser enganado
Nessa causa eu não esbarro
Agora tô mais esperto
Hoje eu não passo nem perto
De uma bituca cigarro.

Fato fictício
Todos os direitos reservados


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